A força do café atravessou gerações: no passado, ela moveu os desbravadores e agora renasce com o selo de Indicação Geográfica ‘Café Arábica da Nova Alta Paulista’.
O grão que moldou a história dos imigrantes volta a inspirar o futuro, impulsionando um novo ciclo de prosperidade.

Muito antes de 1929, data oficial de sua fundação, Tupã já começava a tomar forma. Inserida na região da Nova Alta Paulista, a cidade teve seu crescimento impulsionado pela cultura do café e pelo trabalho dos imigrantes que aqui se estabeleceram em busca de uma nova vida. Atraídos pela promessa de prosperidade, esses pioneiros investiram na lavoura cafeeira, abrindo os primeiros sítios e transformando o cultivo do café em motor do desenvolvimento do interior paulista.
Com a política de imigração voltada à atração de “braços para a lavoura”, diversas famílias escolheram Tupã e seu entorno para recomeçar. Em 1916, os espanhóis se instalaram no bairro São Martinho, abrindo as primeiras roças. Nas décadas de 1920 e 1930, famílias foram se fixando na cidade enquanto trabalhavam nos sítios com café, algodão, milho, hortaliças e em atividades como olaria, construção de casas e máquinas de benefício de arroz. Os italianos chegaram por volta de 1923 e, além do café, cultivaram cereais e criaram gado. Já os japoneses, a partir de 1931, fixaram-se no Afonso XIII, dedicando-se inicialmente ao café e, mais tarde, ao algodão, amendoim, frutas, hortaliças e ao comércio.
Com o avanço da Estrada de Ferro ligando o leste do país ao Mato Grosso, o oeste paulista progredia rapidamente. No final da década de 1930, a região já contava com 16 milhões de pés de café, produzindo 450 mil sacas exportadas para a Europa, segundo registros históricos do Museu Índia Vanuíre. Em 1950, Tupã figurava entre os três maiores produtores de café do Estado, atingindo o auge na década de 1960. Porém, ao longo do tempo, a cafeicultura enfrentou períodos de dificuldade, como as geadas severas da década de 1970, que afetaram as lavouras. Ainda assim, o vínculo entre o café e os pioneiros permaneceu firme e, mesmo quando a produção diminuiu, o grão continuou presente na economia de diversos municípios da região.
O Café Arábica da Nova Alta Paulista
Mais de um século após as primeiras plantações, o café recebe reconhecimento oficial. Em 7 de outubro de 2025, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) concedeu à região o registro de Indicação Geográfica (IG) valorizando o “Café Arábica Nova Alta Paulista” produzido em Tupã e em 22 outros municípios. Do tipo Indicação de Procedência, a IG garante aos produtores um selo oficial que atesta a origem, a qualidade e as práticas tradicionais da produção, fortalecendo a competitividade do grão tanto no mercado interno quanto nas exportações.
O pedido de registro foi protocolado pela Associação dos Produtores Rurais de Pacaembu e Região (APRUP), que agora assume a gestão da Indicação de Procedência, garantindo boas práticas e assegurando que o selo seja fixado apenas na produção que seguir as regras estabelecidas no processo de reconhecimento pelo INPI.
A Nova Alta Paulista é formada por 30 municípios, sendo que 23 integram a área geográfica de cultivo reconhecida com a IG: Adamantina, Arco-Íris, Dracena, Flórida Paulista, Herculândia, Iacri, Inúbia Paulista, Irapuru, Junqueirópolis, Lucélia, Mariápolis, Monte Castelo, Nova Guataporanga, Osvaldo Cruz, Ouro Verde, Pacaembu, Parapuã, Rinópolis, Sagres, Salmourão, São João do Pau d’Alho, Tupã e Tupi Paulista. Os sete municípios restantes poderão ser incluídos futuramente, caso retomem o cultivo e atendam às exigências técnicas. Estima-se que a região conte com aproximadamente mil cafeicultores, dos quais mais de cem já manifestaram interesse em utilizar a certificação.
Atualmente, o setor cafeeiro acompanha a retomada dos Concursos de Qualidade, com aumento constante de amostras classificadas como ‘cafés especiais’, reconhecendo os melhores grãos paulistas. A força do café que no passado impulsionou o desenvolvimento volta a se manifestar: o selo de procedência chega e abre um novo ciclo de prosperidade, capaz de fortalecer não apenas o setor cafeeiro, mas também o turismo, o comércio e o prestígio regional. Mais do que um produto agrícola, o café reafirma seu papel como símbolo de identidade, tradição e futuro para Tupã e toda a Nova Alta Paulista.









