INFERTILIDADE: O PAPEL ESSENCIAL DOPARCEIRO NO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

Quando um casal tenta engravidar por um ano ou mais sem uso de contraceptivos e mantendo relações sexuais com frequência (aproximadamente três vezes por semana), e ainda assim não obtém sucesso, configura-se um quadro clínico de infertilidade tão comum que atinge cerca de 15% dos casais.

Por que envolver o parceiro é essencial?

  1. Infertilidade é uma questão do casal
    Estudos indicam que, em ⅓ dos casos, a infertilidade é exclusivamente por fatores masculinos; em outro ⅓, por fatores femininos; e no restante, uma combinação ou causas inexplicáveis. Ou seja, os homens são responsáveis por até 50% dos casos.
  2. Diagnóstico mais completo e eficiente
    Quando só a mulher é avaliada, perde-se metade da história reprodutiva. A presença do parceiro permite exames como análises de sêmen, testes hormonais e eco escrotal, etapas fundamentais para identificar causas masculinas como azoospermia, varicocele ou baixa contagem de espermatozoides.
  3. Redução do estigma e da carga emocional sobre a mulher
    O tabu ainda coloca a infertilidade como “problema dela”. Incluir o homem no processo ajuda a distribuir responsabilidades e aliviar o estigma que recai sobre a mulher.

E como fortalecer a participação masculina?

  • Converse abertamente sobre infertilidade: estudos apontam que homens estão menos inclinados a falar sobre fertilidade, sendo vistos culturalmente como tema “feminino”
  • Realize exames simples, como espermograma, de forma rápida e sem traumas. A ausência desse teste impede um diagnóstico completo.
  • Adote hábitos saudáveis: evitar tabagismo, álcool, excesso de calor nos testículos, e praticar exercícios podem melhorar o sêmen.
  • Considere aconselhamento psicológico, pois descobertas sobre infertilidade afetam emocionalmente ambos os parceiros, não só a mulher.

Tornando a jornada mais leve e eficaz

Quando o parceiro participa da consulta, o diagnóstico é mais preciso, os tratamentos são mais justos e as emoções, divididas. Isso fortalece o vínculo, dá suporte emocional e melhora as chances de sucesso no tratamento. Afinal, tentar engravidar é uma experiência de dois e ambos devem estar lado a lado.

Rodrigo Fernando Marandola
CRM 145.715/SP
Formado em Medicina em 2010 pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia pela Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA). Pós-graduação em Ultrassonografia Obstétrica e Ginecológica pela FATESA – Ribeirão Preto. Mestre em Ciências pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Doutorando em Ciências pela UNESP. Pós-graduando em Infertilidade Conjugal e Reprodução Assistida pela Santa Casa de São Paulo.

*Texto sob responsabilidade do autor