A obesidade é uma doença crônica em prevalência crescente nos últimos anos, passando pela primeira vez o índice de 30% da população no Brasil segundo o “World Obesity Atlas 2025”. Esses números geram um alerta devido as complicações associadas a doença, como diabetes mellitus tipo 2, dislipidemia (colesterol elevado), hipertensão arterial, doenças cardiovasculares (infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico), síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono, doenças ortopédicas e alguns tipos de câncer como de estômago, esôfago, intestino, fígado, mama, ovários, endométrio, entre outros.
Os principais fatores associados a este índice são o consumo de altas taxas de bebidas açucaradas, alimentos ultraprocessados ricos em gordura, sal e açúcar, menor consumo de alimentos naturais e sedentarismo.
Atualmente temos os seguintes medicamentos aprovados para o tratamento da obesidade: sibutramina, orlistate, associação da bupropiona e naltrexone, liraglutida, semaglutida e mais recentemente a tirzepatida.
Felizmente, o tratamento medicamentoso tem avançado e demonstrado resultados significativamente melhores não só na redução do peso como também nos indicadores de saúde como glicemia, colesterol, pressão arterial e também na qualidade de vida. O estudo SELECT publicado em 2023 sobre a semaglutida (Ozempic® e Wegovy®) demonstrou pela primeira vez redução de 20% de risco cardiovascular em pacientes sem diabetes.
Neste mês de maio de 2025 começará a ser comercializada no Brasil a Tirzepatida (Mounjaro ® e Zepbound ®), aprovado para o tratamento do diabetes mellitus tipo 2 e obesidade. É um co-agonista do GLP-1 e GIP, hormônios secretados pelas células do intestino que regulam a secreção de insulina estimulada pela glicose, aumento da saciedade, redução do esvaziamento gástrico e ação no hipotálamo responsável pelo sistema de compensação. Os estudos demonstram perda de peso média de 20%, perda de 26% de gordura corporal e redução de 2% de hemoglobina glicada. Os principais efeitos colaterais podem incluir náuseas, vômitos, constipação e diarréia.
Sabemos que o tratamento da obesidade vai muito além das medicações e inclui mudanças no estilo de vida com melhoria do padrão alimentar, prática de atividade física, boa qualidade de sono e controle de estresse.
Vale ressaltar que os medicamentos têm suas indicações e contraindicações, por este motivo o acompanhamento com um endocrinologista capacitado é essencial.
Nathália Vieira Borges Meilsmith
CRM 157.029 / RQE 81.992
Formada em Medicina em 2012 no Centro Universitário de Araraquara (UNIARA) Especializações: Clínica Médica na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP) Endocrinologia e Metabologia na Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP) Título de Especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) Pós-graduação em Nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
*Texto sob responsabilidade do autor