TRATAMENTO DE CANAL: O QUE HÁ DE NOVO?

A odontologia moderna vive uma verdadeira revolução. Tecnologias digitais, novos materiais e técnicas mais eficientes estão transformando a forma como dentistas diagnosticam, planejam e executam tratamentos. Em todas as áreas, como ortodontia, implantodontia, estética e cirurgia, é possível perceber uma busca constante por mais conforto, previsibilidade e resultados duradouros. O que antes levava várias consultas e causava desconforto ao paciente, hoje pode ser resolvido com mais precisão e menos tempo na cadeira do dentista.
Na endodontia, área responsável pelo tratamento de canal, os avanços são ainda mais notáveis. O tratamento que por muitos anos foi cercado por mitos de dor e longas sessões, agora é realizado com técnicas minimamente invasivas. São utilizados motores eletrônicos de alta performance para a instrumentação, além de instrumentos mais flexíveis e seguros, desenvolvidos com ligas tratadas com tecnologia aeroespacial. Outro destaque são os localizadores apicais que permitem identificar com precisão o limite de atuação do instrumento. Antes, essa etapa era feita por meio de radiografias, o que aumentava a exposição do paciente à radiação.
A irrigação, etapa fundamental para eliminar bactérias e restos de polpa (nervo) do interior dos canais, ganhou reforço com soluções mais eficazes e equipamentos como ultrassom e sistemas de ativação física e laser, que aumentam significativamente a limpeza e o sucesso do tratamento.
Outro avanço importante é a variedade de anestésicos disponíveis atualmente. Existem opções seguras para diferentes perfis de pacientes, incluindo aqueles com problemas cardiovasculares, gestantes, lactantes e até casos de dentes com alto grau de inflamação. Para cada situação, há um tipo de anestésico mais indicado, garantindo mais segurança e um tratamento livre de dor.
Além disso, os exames por imagem também passaram por grandes avanços. Inicialmente, com a substituição da antiga película radiográfica por sensores digitais conectados ao computador via USB. Esses sensores captam imagens com até 80% a 90% menos radiação, pois exigem uma dose mínima para gerar imagens nítidas, que são exibidas na tela em poucos segundos. Isso não apenas reduz a exposição do paciente, como também elimina o uso de produtos químicos utilizados na revelação, contribuindo para a preservação do meio ambiente.
Na sequência desses avanços, a introdução da tomografia computadorizada de feixe cônico (CBCT) trouxe uma revolução no diagnóstico. Com ela, o dentista pode visualizar a anatomia interna do dente em 3D antes mesmo de iniciar o procedimento. Isso permite diagnósticos muito mais precisos e planos de tratamento personalizados, já que o número e a posição dos canais dentários variam de pessoa para pessoa, como uma impressão digital. Graças a essa tecnologia, tornou-se possível identificar essas variações com antecedência, o que aumenta a previsibilidade e a segurança do tratamento. E o melhor: com esses recursos, muitos tratamentos de canal agora podem ser realizados em uma única sessão, com menos dor e maior conforto para o paciente.
A endodontia contemporânea mostra que o temido “canal” já não é mais motivo de medo. É, na verdade, um exemplo claro de como a odontologia evoluiu — sempre com foco na saúde, no conforto e na qualidade de vida dos pacientes.

Bruno Guandalini Cunha
CRO-SP 112.053
Formado em Odontologia em 2014 pela Universidade Estadual Paulista (UNESP – Araçatuba/SP), com mestrado em Biomateriais e Especialização em Endodontia, também pela Universidade Estadual Paulista (UNESP – Araçatuba/SP). Pós-graduação em cirurgia com ênfase em cirurgia parendodôntica no Núcleo de Especialização Continuada de Araçatuba/SP.

*Texto sob responsabilidade do autor